sábado, 18 de abril de 2020

Brasil X Japão, muito diferente?

Olá, quarentenados! Como estamos?

Nesse post quero descrever um pouco minhas percepções das diferenças entre estes dois países.

Como vocês bem devem saber, o Japão, apesar de ser um país com 70% de superfície inabitável por montanhas, 328 habitantes por km², 127 milhões de habitantes (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Portal:Jap%C3%A3oe 27,3 % dessa população ter mais de 65 anos (fonte: https://exame.abril.com.br/mundo/o-envelhecimento-do-japao-em-dados-e-graficos/), esse país é basicamente uma grande potência mundial.

Não sou um profundo conhecedor da história japonesa, pois como falei anteriormente parei de estudar cedo lá, e minha falta de domínio do idioma quando cheguei também me impediu de conseguir absorver muita coisa nas escolas. Mas posso falar através da percepção de ter vivido o dia a dia lá: o japonês é um cara disciplinado, que tem um ENORME senso de coletivismo. A educação financeira do japonês, também, é muito forte desde sempre. Na escola primária lá somos nós, os alunos, que recolhemos o dinheiro da sala referente ao pagamento do mês do almoço, por exemplo (no Japão, a escola primária vai das 08:00 às 15:00, portanto almoça-se na escola, sendo proibido levar comida de casa). Além disso, também somos nós que limpamos a escola inteira, desde passar pano no chão das salas de aula e corredores até limpar os banheiros. Acredito que todas essas pequenas coisas contribuem para formar o cidadão japonês, que costuma ser um cara que sabe desde cedo lidar com dinheiro e a respeitar as coisas e as pessoas.

Os relacionamentos no Japão já são MUITO DIFERENTES do que há no Brasil. É absolutamente comum alguém com 18 anos lá ser virgem, a galera não "fica" um com o outro como no Brasil. Existe, na verdade, um certo desintersse no Japão pelas relações afetivas/sexuais, e esse é um dos pontos bizarros de lá. Aqui no Brasil, afinal, é o samba do crioulo doido né? Inclusive ainda quero dedicar alguns posts à essas questões de relacionamento, pois como também já disse eu moro com minha namorada, e, bem...digamos que ela foi bem brasileira a vida dela toda. Apesar de eu já estar há um certo tempo aqui no Brasil, tem algumas paradas que ainda me deixam um pouco assustado.

Uma outra coisa que basicamente nunca existiu nos meus círculos de amizade lá e aqui tá em todo lugar: DROGAS. Eu basicamente nunca tinha sentido cheiro de maconha antes de voltar pro Brasil. Maconha aqui é um cigarro, coisa mais normal do mundo, nada de mais. Isso, também, é uma outra coisa que acho que nunca vou me acostumar e achar que é "normal". Esse ponto por si só me desencoraja completamente de ter filhos e criá-los aqui no Brasil.

Certas comparações com o Brasil são impossíveis de não serem feitas: no Japão, imagino que assim como em outros países equivalentes, você consegue ter uma BMW M3, morar numa bela casa e viajar todo ano para o exterior sendo peão de fábrica. O acesso à esse tipo de coisa é INFINITAMENTE mais simples do que no Brasil, e apesar da minha mentalidade hoje ser outra (quero minha IF!), confesso que me deixa um pouco irritado esse jeito brasileiro de tudo ser muito mais caro/difícil de conseguir. Aqui, por exemplo, não tenho a mínima vontade ou coragem de ter um carro, pois sei que terei que pagar 40 mil reais num carro de plástico.

"Mas então por que você voltou, se tudo no Japão é melhor do que no Brasil"? É óbvio que já ouvi essa pergunta várias vezes. No meu caso particular, por não ter estudado como eu deveria no momento certo lá, eu tinha pouquíssimas chances de conseguir qualquer coisa além de um trabalho braçal numa fábrica. Minha perspeciva de ascenção profissional lá era 0, e isso, pra mim, era algo que eu não conseguia mais aceitar. Sentia que eu estava jogando meu tempo no lixo trabalhando como um robô naquelas fábricas, ainda que eu pudesse consumir coisas boas, e investir meu dinheiro se eu quisesse. Só fato de, hoje, eu ter minha renda sendo gerada a partir de um trabalho qualificado, me dá uma ernome sensação de "alívio", por assim dizer. Não vou dizer que trabalho com o que mais gosto e sonhei na vida, mas acho que hoje eu tenho a possibilidade de alcançar isso. Esse simples fato, pra mim, faz com que valha a pena eu estar morando num lugar em que um carro de plástico custa 40 pila.

É isso pra esse post resumido com algumas percepções minhas!
Ah, só pra não perder o costume, eis o que comprei com o adiantamento do meu salário:



Eu estava em busca de um fundo de logística, e como acho que o HGLG está muito caro (P/VP tá em 1,33 hoje, 18/04), por indicação do colega Colheita de Dividendos, pesquisei sobre o XPLG e achei o fundo interessante. Tem bons inquilinos, contratos com prazos médio-longos (nem todos) e tem um bom histórico de DY. O que me deixou um pouco com o pé atrás é o fato deste fundo também participar do desenvolvimento de empreendimentos, o que acaba envolvendo uma série de outros riscos no negócio (e que mereceriam um post específico para isso). De qualquer forma, acho que numa exposição não muito grande é um fundo bom para ter na carteira.

Os outros dois que comprei são papéis que eu já possuo (HFOF11 é um fundo de fundos, e o MXRF11 é um fundo de papéis híbrido).

Acredito que no final deste mês irá entrar um valor extra junto com o restante do meu salário, o que me permitirá fazer um aporte considerável além deste. Penso em aumentar algumas posições dos FII's que já possuo e tô me segurando para não comprar mais CIEL e CVCB, que estão a preços ridículos..inclusive, tem mais alguém por aqui que tem se posicionado nesses papéis? Queria saber se sou só eu, hahaha!

É isso por hoje! Um abraço a todos, stay safe!

8 comentários:

  1. Fala, Engenheiro!

    Obrigado pela menção, se os inquilinos do XPLG11 não pagarem os aluguéis, a culpa não será minha, hein? hahaha

    Tenho parentes nos EUA e amigos em Portugal, por exemplo. Eles relatam exatamente isso: trabalham muito porém o seu dinheiro têm poder de compra. Aqui no Bostil é o contrário, por isso as pessoas não tem Educação Financeira e acabam se endividando, pois poucos tem paciência para planejar a compra de uma casa ou carro e acaba recorrendo aos financiamentos.

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    1. Hahaha, é, já espero algo do tipo dos inquilinos do HGLG e do XPML também! rs

      O pensamento do brasileiro médio realmente é bizarro. O que grande parte da galera onde trabalho faz quando ganha PLR? Trocam de carro. E eu não tô zoando. Nego que tem 3 filhos me pega a PLR e bota em um dos piores passivos que existem (ainda mais carro no Brasil). E olha que estou falando de pessoas que compõe a “elite intelectual”, geralmente gente que estudou em boas escolas e faculdades. Enfim, isso é algo que, pra mudar, tem que acontecer uma revolução na forma de educar as pessoas desde crianças, o que eu acho bastante difícil de acontecer.

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  2. Pra você ver que toda essa disciplina exige um preço, não há a oportunidade de melhorar se você não seguir o caminho "certo", que parece ser único.
    Admiro diversas coisas da cultura japonesa, mas jamais vou me adaptar em um local que não tenha diversidade em todos os âmbitos.
    Brasil tem seus milhões de defeitos, mas no fim das contas, é aqui que estamos ;)

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    1. A questão da adaptação acontece, de fato, de acordo com o meio. Você diz não se adaptar em um local que “não tenha diversidade em todos os âmbitos”, mas se adapta a um local em que ocorrem 60 mil homicídios por ano, ou que paga salários exorbitantes ao poder público enquanto o salário médio das pessoas é ridiculamente baixo..enfim, acho que a adaptação acaba nos tomando e não o contrário.

      Abraço !

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    2. Nas questões macro eu tenho ressalvas tanto no Brasil quanto ao Japão, mas no microcosmo da vida diária não sofro diretamente e diariamente por algum homicídio. Entende a diferença?
      Qualquer modelo que te force a seguir um padrão é equivocado, nesse aspecto a exigência em "dar certo" japonesa é tão nociva quanto os homicídios existentes no Brasil. Ambas são formas de violência contra o indivíduo. No fim das contas ambos fizemos nossas escolhas, ambas têm seus pontos negativos.

      Em relação a você ter voltado ao Brasil pela falta de perspectiva de melhoria financeira no Japão... quando conseguir, pretende voltar para lá?

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    3. Ryca, não concordo com esse pensamento sobre "não sofro no microcosmo da vida diária". Seria o equivalente a você dizer que o Coronavírus não lhe oferece nenhum perigo, pois no seu microcosmo da vida diária ele não está presente (não tem amigos/parentes infectados, por exemplo). A questão da volência urbana no Brasil é um problema bizarro que afeta a todos, e você se adaptou a isso.

      Quanto à um modelo que "force um padrão", o qie existe no Japão é uma busca pela excelência, e como para tudo na vida existem pessoas que levam isso ao extremo, e bem sabemos que tudo que é extremista é ruim. Comparar uma cultura de busca por excelência com uma guerra civil não declarada acho que é, no mínimo, ingênuo.

      Olha, desfrutar de uma IF no Japão para mim seria um sonho. Mas com nossa perspectiva de que o dólar pode em breve estar custando 10 reais a unidade, isso vai ficar só no sonho mesmo.

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    4. A cidade em que eu moro não tem essa violência alarmante, apesar de eu saber que existe no resto do Brasil, pra mim ela não é naturalizada pois não é uma verdade recorrente. A questão é justamente essa, a violência urbana é o comum, apesar de que não é o normal. Temos que levar em conta também que as melhorias e a busca por excelência são processos demorados e o Brasil - em comparação a outros países, especialmente os com melhor qualidade de vida - ainda engatinha no que diz respeito ao senso de coletividade. Acredito que a humanidade como um todo se encaminha pra isso, porém acho muito improvável nós vermos essa mudança em vida, não quer dizer que não ocorra. Não é simplesmente aceitar, é entender que o caminho a se percorrer é longo e também é injusto comparar BR e JP devido ao background diferente de cada um.

      Sobre IF, Japão e dólar... você pretende alcançar ela rapidinho? Porque se não for o caso, acho que as coisas estabilizam até lá e você consegue :)

      Bom papo! ;)

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    5. Eu não acho que virei essa mudança em vida no Brasil, infelizmente..

      Olha, pretender eu até pretendo, mas sei que não vai rolar 😂 meu horizonte pra IF é de uns 20 anos, supondo que meu poder de aportar pouco mude ao longo desse período. Como vou buscar de todas as formas aumentar a capacidade dos aportes, espero muito que ela chegue bem antes disso =)

      Quanto à moeda, acredito que o novo patamar do dólar em nada se parecerá com o que foi no passado, por isso acho difícil poder gozar de uma IF em país de moeda forte (pra isso teria que extender muito o horizonte, o que não quero fazer).

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